segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Rosa-Grafite

A água subia em forma de nuvens
Embaçando o fundo das garrafas
Que os olhos usam para enxergar as graças
Do ar que vem dos pulmões de alguém

De longe o som que vinha dos pés
Subindo devagar os diversos degraus
Na superfície da minha face, aumentando alguns graus
E eu olho pra baixo, qual como da beira de um convés

E ao sentar sozinho na beirada da calçada
Com a mão o busco o beijo da uva fermentada
Tento fazer da minha própria embriaguez uma escada

E que cada lágrima que caia do meu rosto
Possa botar em sua boca o resquício do gosto
Que lá irá ficar, do Carnaval ao fim de Agosto

Ao final da garrafa arroxeada
Olho para minhas mãos, uma chaga em cada
Sinto a dor dos amantes fracassados da História
Que deixaram escapar por entre os dedos raios de glória

Um grito escapa das grades de meus lábios
Enquanto, de braços abertos, chamo o Mar a me abraçar
Para que, embebido em sua solução salubre, possa chorar
E que minhas lágrimas se confundam com aquelas derramadas
Quer pelos loucos ou pelos sábios

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