Quem diria que tudo
Acabaria assim?
Um meio sem freio
Um começo sem fim
Do preço um "me esqueço"
Do lado sentado
Alguém que conheço
Um rosto do passado
E quando for te ver
Sinto um abraço
Me deste aquele presente
Sem caixa e sem laço
Mas que outro presente
Poderias me dar?
Tudo que eu quis
Foi minha vida, meu lar
Aonde mais poderia estar?
segunda-feira, 19 de abril de 2010
domingo, 4 de abril de 2010
Epitáfio
Acho que ele estava procurando paz. Acho que todos estamos. Correndo em círculos, correndo perigos, saltando por precípios, tentando apenas encontrar paz. Seja numa cadeira de uma velha palha quase dourada, mas também gasta pelo tempo, na varanda de um sítio, apenas a observar e tentar entender os complexos movimentos da natureza. Seja numa injeção de adrenalina, na qual relevamos tudo aquilo que nos envolve, todos os problemas momentâneos, todas as coisas terrenas e banais, e tudo que fica é a imagem daquela montanha vista de cima.
Ele encontrou seu abraço num cano de metal. Frio, inflexível, mas, para ele, carinhoso. E é engraçado sentir como se fosse um amigo íntimo desse rapaz cujo rosto nem me é familiar. O conheço apenas pela impressão de outros, mas posso vê-lo andando em meio a neve, procurando um lugar que lhe apetecesse. Quando a sola de sua bota encontrou aquele pedaço mais macia de chao, bem à sombra de um grande carvalho centenário, não teve dúvidas.
Morreria ali, aos pés daquela majestosa árvore.
Acho realmente que ele não se deu conta de sua escolha, não pensou isso um minuto. Mas algo naquele lugar o fez se sentir seguro. O fez se sentir confortável. O fez se sentir corajoso. E foi lá que ele experimentou o beijo da morte.
O verde das árvores pareceu chorar. Gotas de orvalho caìam à sua volta, e pareciam tentar esboçar cada letra do seu nome. A vida perdia mais um filho. A morte conseguia outro marido. Foi nesse momento que um pássaro que voava por ali passou por cima daquele imponente carvalho, e resolveu ali depositar seus ovos. Encontrou um ninho já pronto. O casaco do menino jogado por sobre os galhos. E dali, antes que as autoridades encontrassem o corpo, nasceram novos seres. Que voaram, em busca de paz.
Ele encontrou seu abraço num cano de metal. Frio, inflexível, mas, para ele, carinhoso. E é engraçado sentir como se fosse um amigo íntimo desse rapaz cujo rosto nem me é familiar. O conheço apenas pela impressão de outros, mas posso vê-lo andando em meio a neve, procurando um lugar que lhe apetecesse. Quando a sola de sua bota encontrou aquele pedaço mais macia de chao, bem à sombra de um grande carvalho centenário, não teve dúvidas.
Morreria ali, aos pés daquela majestosa árvore.
Acho realmente que ele não se deu conta de sua escolha, não pensou isso um minuto. Mas algo naquele lugar o fez se sentir seguro. O fez se sentir confortável. O fez se sentir corajoso. E foi lá que ele experimentou o beijo da morte.
O verde das árvores pareceu chorar. Gotas de orvalho caìam à sua volta, e pareciam tentar esboçar cada letra do seu nome. A vida perdia mais um filho. A morte conseguia outro marido. Foi nesse momento que um pássaro que voava por ali passou por cima daquele imponente carvalho, e resolveu ali depositar seus ovos. Encontrou um ninho já pronto. O casaco do menino jogado por sobre os galhos. E dali, antes que as autoridades encontrassem o corpo, nasceram novos seres. Que voaram, em busca de paz.
terça-feira, 23 de março de 2010
Secretaria de Educação - 2
E o tempo parecia não passar. Os minutos pareciam comportar a vida inteira de uma estrela. Cada ruído parecia incorporar as mais longas e intrincadas melodias. As nuvens entravam e saíam por minha caverna bucal. Os pensamentos vagavam por lugares distantes, revisitando memórias de dias chuvosos, em cidades saudosas, em tempos passados, quase sépia. Centenas de rostos, de vozes, de cheiros. Saio correndo das memórias pueris, vou parar em noites boêmias, percepções distorcidas, cores escuras, lágrimas e suor. Músicas pulsantes que levam mesmo meu pé material a se mexer conforme o ritmo. Essa música me cansa.
E numa nova consulta ao relógio: 2 minutos se passaram.
Entro então em mundos alheios. Festas, amores, traições, famílias. Vivendo com intensidade essa variedade de histórias, de tristezas, de glórias. Sentir o cheiros, lamber os gostos, ter até orgasmos em outras peles, em outros lugares, com outras histórias.
E numa nova consulta ao relógio: 2 minutos se passaram.
Busco um território mais vasto: As possibilidades que não foram. As mil e uma noites, as mil e uma mulheres, as mil e uma músicas. Ando pelas ruas não construídas, e me sento sozinho no banco de uma praça inexistente, em alguma cidade, a mim desconhecida, da Europa Oriental. Eis que me chega o cachorro que ainda não tive. São Bernardo, com o pequeno barril ao pescoço, deita afavelmente a cabeça sobre meu colo, molhando lentamente a barra do meu casaco. Levanto e chamo meu companheiro para um passeio pelas ruas nas quais nunca andei, pra visitar minhas ex-possíveis-namoradas. E logo no primeiro ex-encontro, descemos juntos para um passeio das gondôlas que eu não conheci, com o vinho que nunca provei, doce, mas com um quê de amargo que lhe dá o sabor distinto dos vinhos caros. E naquele pôr do sol, já me encontro em cima de uma bicicleta, pedalando pelas estradas rústicas da Toscana, indo para meu vinhedo possivelmente recém adquirido.
Um ronco vem de longe.
E a visão que eu mais esperava.
E a visão que eu mais esperava.
O ônibus azul se aproxima: 0909 - Aqui e agora
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